Estamos nos preparando para a Páscoa, essa data tão magnífica.
E Páscoa necessariamente nos fala de cruz. Se alguém que viveu nos anos antes de Cristo, na época de José e Maria, viesse até aqui no culto hoje e visse aquela cruz, acharia muito estranho. Afinal, a cruz era um instrumento de morte. Se Jesus tivesse morrido com injeção letal, teríamos a silhueta de uma seringa em vez dessa cruz. Poderia ser uma cadeira elétrica ou um fuzil. Você entende isso? A cruz era uma ferramenta comum no mundo da época para TORTURAR e MATAR pessoas. Hoje usamos cruzes muito "fofas", afinal, elas são para nós um símbolo de Jesus. Contudo, é preciso lembrar que antes de a cruz ser um símbolo de Jesus em si, ela precisa ser um símbolo de renúncia, de altruísmo e de fé.
Na cruz, Jesus foi torturado por homens e castigado por Deus. Dos homens vieram os golpes, o escárnio e os pregos. Mas, de Deus, o castigo por todos os pecados da humanidade.
⁴Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças, contudo nós o consideramos castigado por Deus, por ele atingido e afligido.
⁵Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.
Isaías 53:4-5, NVI
A cruz de Cristo não foi algo suave, nem fofo e muito menos fácil. Foi tortura, agressão, castigo e morte. Junto a Jesus, dois criminosos estavam sendo punidos por seus crimes. Uma cruz à sua direita e uma cruz à sua esquerda. Três cruzes estavam ali e NÃO é sobre isso que vamos falar hoje.
1. A cruz eterna
A primeira cruz da qual falaremos é a cruz eterna. Essa é a Cruz de Jesus que nos salvou.
¹⁸Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver que lhes foi transmitida por seus antepassados,
¹⁹mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito,
²⁰conhecido antes da criação do mundo, revelado nestes últimos tempos em favor de vocês.
1 Pedro 1:18-20, NVI
É preciso que você entenda que antes de criar o universo, Deus já existia. O próprio tempo é uma das criações de Deus. Deus é atemporal. Ele está fora dessa nossa simplória linha do tempo.
E foi lá na Eternidade que a cruz de Jesus foi fincada. O tempo e o espaço foram tecidos por Deus ao redor deste, que é o principal acontecimento do universo, seu evento fundador, a crucifixão de Jesus Cristo.
E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo,
¹⁰isto é, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos.
Efésios 1:9-10, NVI
O que nós chamamos de "história" para Deus (em relação ao tempo) é como ler um gibi. Ele pode ver a primeira folha ou a última. Ou ainda a primeira e a última simultaneamente.
Ei! Sabe isso que está te deixando tão ansioso? Deus já sabe o que vai acontecer! Sabe aquilo que você passou e doeu tanto? Deus sabe também. E o que mais? Ele sabe como a sua história termina. Ele sabe todas as possibilidades de vida que estão diante de você. Ele sabe o que será se você disser sim ou não para aquela proposta. Ele sabe como será se você fizer isso ou aquilo… Não seria prudente entregar sua vida nas mãos daquele que SABE TUDO?
2. A Cruz de Barrabás
A segunda cruz que falaremos hoje é a de Barrabás. Não estava no cronograma dos romanos crucificar um rabino naquela fatídica sexta-feira. Isso foi coisa dos líderes judeus. Eles pressionaram o governador Pilatos, afinal, só os romanos tinham o poder de exercer a pena de morte. Entretanto, Barrabás era o prisioneiro que eles tinham sob custódia. Quem sabe, até a cruz de Barrabás já estivesse pronta. Mas, naquele dia, o criminoso foi substituído por um santo. Jesus foi para a Cruz e Barrabás foi posto em liberdade.
Era costume de Pilatos soltar um prisioneiro na Páscoa. E ele perguntou ao povo: Jesus ou Barrabás? E o povo respondeu que deveria soltar Barrabás e crucificar Jesus.
O curioso é que Barrabás significa "filho do pai". E Jesus chamava a si mesmo de "filho do homem". Jesus morreu no lugar de Barrabás, no seu lugar, no lugar de cada pecador da humanidade. Ele se fez herdeiro do legado de pecado do "homem" para que nós fôssemos feitos "filhos do Pai".
3. A sua cruz
Embora Jesus tenha carregado na cruz todos os pecados e tenha consumado a obra de salvação, Ele espera que nós venhamos a nos identificar com Ele, imitando-O.
Logo, se o nosso mestre abriu mão de si mesmo para nos salvar, é necessário que nós estejamos dispostos a sermos abnegados para que outros venham a ser salvos.
²³Jesus dizia a todos: — Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.
Lucas 9:23, NVI
²⁴Agora me alegro nos meus sofrimentos por vocês e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja.
Colossenses 1:24, NVI
Que cruz é essa se Jesus já carregou a minha? Que aflições são essas se Jesus já sofreu tudo?
Essa é a sua cruz. A cruz da empatia, da abnegação, do altruísmo e da fé. A decisão de amar Jesus acima de tudo. De amar o próximo como a si mesmo.
A decisão de, se preciso for, abrir mão de coisas lícitas e até boas, pelo bem maior de ver vidas sendo salvas.
Viver em santidade, nadar contra a corrente, sofrer afrontas e ser rejeitado por amor a Cristo. Às vezes será abrir mão de um namoro ou até mesmo de um emprego, vislumbrando coisas maiores. É entender que tudo vale a pena para a glória de Cristo.
¹⁶Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia,
¹⁷pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles.
¹⁸Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno.
2 Coríntios 4:16-18, NVI
Conclusão
Hoje refletimos sobre as três cruzes que nos falam de redenção, substituição e chamado.
A "cruz eterna" de Jesus, planejada por Deus antes da criação, é o fundamento da nossa salvação, onde Cristo carregou nossos pecados e nos reconciliou com o Pai.
A "cruz de Barrabás" nos lembra que Jesus tomou o nosso lugar, como tomou o de Barrabás, libertando-nos da condenação pelo seu sacrifício.
E a "sua cruz" nos desafia a vivermos como discípulos, negando a nós mesmos, abraçando a abnegação e o amor ao próximo, mesmo que isso custe renunciar ao que é lícito por um propósito maior.
Que nesta Páscoa possamos aplicar essas verdades: agradeça a cruz eterna, celebre a liberdade que Jesus conquistou por você e tome sua cruz diariamente, vivendo com fé, altruísmo e santidade. Decida hoje amar a Cristo acima de tudo e servir aos outros, para que a glória de Deus brilhe através da sua vida. Amém.
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