quinta-feira, 9 de junho de 2022

A redenção de Judá

A redenção de Judá



Introdução


Em nossos cultos estamos falando sobre alguns personagens Bíblicos. Começamos por Pedro, passamos por José e hoje falaremos sobre um membro da casa de Jacó que citamos muito, porém, conhecemos pouco, a saber: Judá.


Nos carros, os adesivos. Nas Bíblias, as capas. Sem falar de vários posts das redes sociais, o “Leão da tribo de Judá” está em todos os lugares. O Leão sabemos a quem se refere. Ao membro deste clã de quem o cetro de governo jamais se apartaria, Jesus! E o Judá?


Bem, este é o nome de um dos 12 filhos de Jacó, assim como o próprio José. E a história de hoje conta sobre um período de aproximadamente 22 anos de sua vida.

 

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Gênesis 38:1-18.

Por essa época, Judá deixou seus irmãos e passou a viver na casa de um homem de Adulão, chamado Hira.

Ali Judá encontrou a filha de um cananeu chamado Suá, e casou-se com ela. Ele a possuiu,

ela engravidou e deu à luz um filho, ao qual ele deu o nome de Er.

Tornou a engravidar, teve um filho e deu-lhe o nome de Onã.

Quando estava em Quezibe, ela teve ainda outro filho e chamou-o Selá.

Judá escolheu uma mulher chamada Tamar, para Er, seu filho mais velho.

Mas o Senhor reprovou a conduta perversa de Er, filho mais velho de Judá, e por isso o matou.

Então Judá disse a Onã: "Case-se com a mulher do seu irmão, cumpra as suas obrigações de cunhado para com ela e dê uma descendência a seu irmão".

Mas Onã sabia que a descendência não seria sua; assim, toda vez que possuía a mulher do seu irmão, derramava o sêmen no chão para evitar que seu irmão tivesse descendência.

O Senhor reprovou o que ele fazia, e por isso o matou também.

Disse então Judá à sua nora Tamar: "More como viúva na casa de seu pai até que o meu filho Selá cresça", porque pensou: "Ele também poderá morrer, como os seus irmãos". Assim Tamar foi morar na casa do pai.

Tempos depois morreu a mulher de Judá, filha de Suá. Passado o luto, Judá foi ver os tosquiadores do seu rebanho em Timna com o seu amigo Hira, o adulamita.

Quando foi dito a Tamar: "Seu sogro está a caminho de Timna para tosquiar suas ovelhas",

ela trocou suas roupas de viúva, cobriu-se com um véu para se disfarçar e foi sentar-se à entrada de Enaim, que fica no caminho de Timna. Ela fez isso porque viu que, embora Selá já fosse crescido, ela não lhe tinha sido dada em casamento.

Quando a viu, Judá pensou que fosse uma prostituta, porque ela havia encoberto o rosto.

Não sabendo que era a sua nora, dirigiu-se a ela, à beira da estrada, e disse: "Venha cá, quero deitar-me com você". Ela lhe perguntou: "O que você me dará para deitar-se comigo? "

Disse ele: "Eu lhe mandarei um cabritinho do meu rebanho". E ela perguntou: "Você me deixará alguma coisa como garantia até que o mande? "

Disse Judá: "Que garantia devo dar-lhe? " Respondeu ela: "O seu selo com o cordão, e o cajado que você tem na mão". Ele os entregou e a possuiu, e Tamar engravidou dele. Gênesis 38:1-18.



1. Um homem traumatizado


Uma das primeiras e mais importantes observações que precisamos fazer sobre Judá é que este era um homem traumatizado e que não soube como lidar com seus traumas.


v.1

Judá foi o irmão responsável pela venda de José. Enquanto o grupo quis matá-lo, Rúben deu a ideia de lançar o rapaz no poço seco pois, como irmão mais velho, seria o responsável direto pela morte de José diante do pai. Assim, intentava que após os demais irmãos saírem de perto, poderia resgatar o irmão do poço.

Porém, Judá, arquitetou a infeliz ideia de vendê-lo com escravo. Quando Rúben percebeu que a bobagem já havia sido feita, ficou por deveras assustado. Os irmãos então tiveram a ideia de molhar em sangue de um bode a inconfundível túnica de 7 cores, aquela que fora presente de Jacó, exclusiva de José.


Judá viu o pavor de José dentro do poço. A crueldade nos olhos dos mercadores de escravos. Escutou os gritos desesperados do irmão por misericórdia enquanto os comerciantes o levavam. Viu a decepção nos olhos de Rúben, afinal, Judá tinha agido pelas costas do irmão líder.


E o pior… Judá viu face a face a implosão de todo brilho nos olhos que existia no pai… O ancião desmoronou e nunca mais foi o mesmo. Gritou, chorou por muitos dias e a família ficou dilacerada, mais do que o bode que dera o sangue para a túnica.


Judá não soube lidar com o pai cabisbaixo. Nem com a mãe de José, Raquel, desconsolada; ou ainda com os irmãos em constante conflito. Aquilo tudo era demais para ele.


Talvez, cenas de José no poço o perseguissem. E quem sabe até pesadelos com o irmão gritando no poço e suas mãos sujas de sangue o acordassem a noite.


Jacó juntou suas coisas e foi embora.




2. Fugir dos problemas, traz mais problemas



v.2

Judá foi morar entre os Cananeus. Isso mesmo, no meio daquele povo ímpio, mas, tão ímpio que Deus havia decidido que a existência deles precisava ser eliminada da terra. Povo cruel que desejava molestar anjos e queimava criancinhas como sacrifício aos seus falsos deuses.


O hebreu esquece que as más companhias corrompem os bons costumes". 1 Coríntios 15:33.


Judá não lembrava da história de Ló em Sodoma e Gomorra? Ou da história de Esaú, que irritava o patriarca Isaque ao casar com cananeias?


Judá tomou uma decisão errada, controversa. E cada decisão que fazemos, é uma porta onde batemos. Quem bate em uma porta, precisa se responsabilizar pelo que está atrás dela. Judá bateu na porta dos Cananeus. Agora, precisaria encarar as consequências.


v.7

Seu filho Er se tornou alguém tão perverso que Deus decidiu matá-lo. Pense comigo. Você com certeza já deve ter visto muita gente ruim que Deus não matou. Inclusive a própria Bíblia relata pessoas malignas que Deus não matou. Que raio de homem era Er? Que manifestação nefasta era o rapaz a ponto de Deus o eliminar por uma conduta perversa.


Se porventura em algum momento Judá cogitou que poderia fazer melhor que seus pais… Não deu certo. A família que ele constitui se torna pior do que a família da qual viera. Mais uma frustração!


v.10

Havia momentos que Judá parecia estar preso em um looping. Como era costume na época, e depois se instituiu mediante a lei do Levirato, o irmão mais velho que restasse vivo, deveria casar com a viúva. O objetivo era que o primeiro filho que nascesse fosse considerado filho do que morrera. Assim Onã, casou com Tamar. O primeiro filho não teria o sobrenome de Ben Onã. Antes, seria chamado de Ben Er; filho de Er. Assim, Onã gostou da ideia de desposar a viúva, porém, não aceitou gerar descendência para o irmão. Desejava a viúva porém não queria deixar descendência para o falecido.

Deus também encontrou em Onã um homem perverso e o matou. Judá ficou desconsolado. Com certeza o homem estava destruído por dentro. E o que fez? Procurou o pai? Algum dos irmãos? Algum sábio homem de Deus? NÃO. Seguiu a vida…


Judá estava frustrado como filho.

Frustrado como irmão.

Frustrado como pai.


v.11

Com algum tipo de superstição machista, Judá julgou Tamar como uma verdadeira viúva negra. O dever do hebreu era entregar seu próximo filho, Selá para desposar a viúva. Ficou com medo que esse morresse também ao casar com ela. Será que ele realmente não conseguia enxergar a maldade dos próprios filhos e jogava tudo nas costas de Tamar?

Ele praticamente condena a mulher a um interminável exílio. Afinal, ela não poderia casar com outro homem, visto estar prometida a Selá. Ficaria na casa de seu pai, esperando… PARA SEMPRE! Judá estava acabando com a vida de Tamar.


Judá estava fugindo de si mesmo, fugindo de Deus… Fugindo do seu propósito de existência.


Entretanto, vide o caso de Jonas, quem foge do seu PROPÓSITO acaba expondo quem está ao seu redor, especialmente quem está debaixo de sua autoridade, a riscos desnecessários.


Assim cada pai de família que não assume seu lugar na casa expõe a mulher ao estresse e a depressão. Expõe os filhos a libertinagem e ao pecado.


Judá se torna UM HOMEM SEM PALAVRA. Pois promete Selá para a viúva, quando na verdade nem considerava entregá-lo.


O que poderia piorar na saga de Judá? Quando parecia que nada mais o afligiria, a esposa morre.


Frustrado no relacionamento com o pai, com os irmãos, na criação dos filhos, mentindo para a nora, fugindo de Deus e agora… VIÚVO.


Não bastasse tudo isso, ainda assim Judá não procura ajuda!

Será que fingia para si mesmo que estava tudo bem?

Será que simplesmente não parava para refletir na própria existência?

Será que estava com ódio de Deus e não considerava a oração uma opção?

Ou talvez, acreditava que para ele não existia mais redenção.



3. O suicídio espiritual de Judá


v.15-16

Judá vê uma mulher NA BEIRA DO CAMINHO. Não sabia que era sua nora disfarçada.

Pensa que era uma PROSTITUTA CULTUAL. Ora, aquele povo acreditava que a relação sexual entre um homem e uma prostituta cultual era uma forma de prestar culto aos deuses, de agradá-los.

Então ali mesmo, na beira da rua, Judá diz: VENHA CÁ, QUERO ME DEITAR COM VOCÊ!


Claramente Judá se via como alguém impossível de ser resgatado por Deus. Com um verdadeiro lixo humano. Indigno de abrir a boca para clamar pelo Deus de Abraão, Isaque e Jacó.


Perceba a diferença entre JOSÉ e JUDÁ:


José foge da mulher que tentou deitar com ele em secreto.

Judá chama a suposta prostituta cultual na beira da rua!


José manteve seus princípios mesmo quando tudo parecia dar errado.

Judá abandonou totalmente tudo que um dia acreditou.


José foi prisioneiro por fora, mas estava totalmente livre por dentro.

Judá estava livre por fora, porém totalmente cativo pelas trevas.


José estava administrando seu passado num processo que culminaria na cura completa e um futuro glorioso.

Judá era assombrado pelo passado, empurrava o presente com a barriga e não tinha perspectiva de futuro.


E nesse momento, alguns já estão escondendo suas bíblias com capa de leão, puxando os casacos sobre as camisetas e pensando em arrancar os adesivos dos carros… Calma!


Enquanto Judá se via como um completo proscrito da Aliança (de Deus com Abraão); Deus o via como um canal pelo qual passariam as bênçãos para toda a humanidade!


Só que esta mangueira estava entupida, suja, quase a ponto de estragar-se pela eternidade.


v.18

Judá deixa para a “prostituta” o seu selo, um objeto cilíndrico que ele usava para “assinar” os contratos feitos em argila. Ele rolava aquele cilindro, marcando assim a argila fresca, simbolizando assim a sua PALAVRA. Também era um símbolo de nobreza e proeminência.

Porém, que importância aquilo tinha para Judá? Afinal com aquela mesma Tamar, ele já tinha provado que sua palavra não valia nada. E o que poderia haver de nobre em um homem que procede como ele estava procedendo naquele exato momento?


Acontece que o pecado é um instrumento de Satanás, que objetiva roubar nossos maiores tesouros. Ao entregar seu “selo”, Judá completa o ciclo de perda de seu bem mais valioso: SUA IDENTIDADE DE FILHO DE DEUS.


É isso meu irmão, que o Diabo tenta roubar de você dia e noite. Afinal, é tudo uma questão de identidade: quem não sabe quem é, não vive como deveria, não usa seu potencial e não desfruta das bênçãos que estão ao seu alcance.


Foi assim que o Diabo tentou Jesus: Se és o filho de Deus.


E deixou também seu cajado, aquele que o acompanhara por tantos anos e o ajudava a conduzir as ovelhas. Porém Judá não sabia nem para onde estava indo, quando mais saberia conduzir alguém. Quem perde a identidade, não consegue prestar o serviço.


Ali estava Judá, no mais fétido buraco do inferno que poderia se encontrar sobre a terra.


Ainda que na cabeça dele, praticando um rito promíscuo de honra aos deuses.


E neste antro de pecados; a despeito da vileza humana, Deus humilha Satanás e no ventre de Tamar é concebido um filho, por meio do qual viria linhagem de Davi e posteriormente do próprio messias!


EI! EU NÃO SEI DE ONDE VOCÊ VEIO. NÃO SEI COMO ERA SUA FAMÍLIA. MAS, COLOQUE-SE NAS MÃOS DE DEUS E JESUS NASCERÁ ATRAVÉS DE TI NA VIDA DE MUITOS!


v.24

Depois de tudo isso, Judá ainda tinha a cara de pau de exigir que a “justiça” fosse feita e Tamar fosse queimada. Não… Ele não queria justiça, queria era se livrar daquela, que na sua mente era o motivo da morte dos filhos. Não estava interessado em certo ou errado, queria era conveniência; o que lhe trouxesse vantagem ainda que fosse injusto.


Agora, Judá era um completo Cananeu.


v.26

Porém o oculto é revelado.

E sua injustiça fica mais evidente pois o mesmo que esbravejava para queimar Tamar, não roga sobre si punição alguma.


E em meio a esse turbilhão de fatos, uma fagulha de esperança aparece, Judá RECONHECE pela primeira vez alguma coisa: ELA É MAIS JUSTA DO QUE EU.



4. A redenção


Em algum momento, talvez após o último incidente narrado, Judá volta ao convívio com o pai e os irmãos. Esse homem estava mexido por dentro.

As coisas não eram como antes, uma grande fome assolava o mundo conhecido da época. Porém, o Egito havia se tornado o celeiro do mundo nas mãos de um administrador muito sábio que Faraó havia colocado sobre todo o país.

Os filhos de Israel descem até lá para comprar alimentos, aparentemente debaixo da liderança de Rúben, o irmão mais velho. Eles regressam depois das intempéries narradas na pregação anterior.

E numa segunda vez voltam ao Egito, porém, Judá começa a despontar como líder nesta jornada.


Nessa época, um novo irmão já havia nascido, seu nome era Benjamim, o “filho da minha mão direita”; pois Jacó amava Raquel e esta morrera no parto do citado moço.


José no Egito, com astúcia havia garantido um meio para conhecer o irmão, este, filho de sua mãe. Exigindo que os irmãos, que ainda não sabiam quem ele era, só veriam seu rosto novamente acompanhados de Benjamim.


Gn 43:9

E quando a necessidade de comprar mais cereais chegou, Judá, que antes não se importara com a ideia de ver José ser morto; agora se oferece ao pai como guardião de Benjamim para a Jornada.


Claramente Judá estava fazendo o caminho de volta.

Restaurando o relacionamento com o pai.

Restaurando o relacionamento com os irmãos.


Gn 44:16

Enquanto José continua a prová-los no Egito, Judá admite a sua culpa e a dos irmãos diante de Deus.


Ele continua sua jornada de volta, afinal, o que é conversão senão isso?


E nesse passo, reestabelece sua fé e relacionamento com Deus.


v.30

Judá, agora claramente se importa com o bem-estar do pai; o mesmo aquele que antes, ele tripudiara sobre o coração, entregando-lhe a famosa túnica de sete cores, suja com o sangue de um bode, quando mentiu dizendo ser o sangue de José.


v. 32

Aquele que não tinha mais PALAVRA, agora restaura o valor da sua e quer cumprir a promessa que fez ao pai.


v.33

E como não poderia faltar neste caminho de redenção, Judá que antes vendera José como escravo, agora SE OFERECE COMO ESCRAVO NO LUGAR DE BENJAMIM.


O mesmo que antes lucrara com a venda de um irmão, agora deseja vender a si mesmo, como pagamento para libertar o outro.


Escute, há muitos casos onde não basta arrependimento. Isso mesmo que você ouviu. Nestes casos é necessário RESTITUIÇÃO.


Pedir perdão, porém, também voltar atrás e corrigir o erro!


Pedir perdão a Deus, mas, também ir atrás da pessoa ofendida e pedir perdão. Pedir perdão a pessoa lesada, porém também devolver o que roubou…



Ministração


Ei! Preste atenção.

A história de Judá muito diferente da história de José.


Judá bebeu totalmente o cálice da frustração.

Esqueceu completamente quem era.

Tornou-se o mais indigno que um homem pode se tornar…


Porém bastou ADMITIR A CULPA (Tamar) pela PRIMEIRA VEZ, que um processo de restauração se iniciou.


Hoje é o dia de você ADMITIR A CULPA.

É o dia de você COMEÇAR A JORNADA DE VOLTA.


E Judá voltou, juntando todos os cacos que havia deixado caídos pelo chão.


O caminho de volta é dolorido, sacrificial, porém vai RESTAURAR A SUA IDENTIDADE.


UM FILHO DE DEUS, não um mero fruto do acaso, alguém que tem uma IDENTIDADE e também um PROPÓSITO.


Foi quando o Cálice de José foi encontrado em meio as coisas de Benjamim que o processo de restauração de Judá entrou em seu estágio final.


José é um tipo (imagem) de Cristo. Hoje você está chegando de encontro ao cálice revelador de Jesus Cristo, o cálice da Salvação.

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