Apesar de ser mais jovem que a maioria hoje aqui, ter crescido em Caraá me proporcionou algumas experiências que sei que vocês vão se identificar.
Sim, aprendi a datilografar no bom e velho sistema asdfçlkj… Passando trabalho para fazer o dedo mínimo funcionar. E o que dizer então quando errávamos?
Sim, a TV era preto e branco e a antena espinho de peixe. Pegava o “12”, o “5” lá em casa não. Mas funcionava o “2” quando queria. Confesso que eu gostava mesmo era da “Rede Manchete”. E sim, a TV era de compensado. Daquelas de regular o “vertical” e a “sintonia fina”. Ou de dar uns “tapinhas”. Certa feita meu pai até instalou um martelo comandado por uma cordinha para bater nela quando a imagem começava a variar. Sem falar do tempo que ela levava “esquentando”.
As fotos era na Kodak Love. Era necessário “dar corda” e depois “rebobinar”. E o flash? Uma evolução, a cada “pose” um está-lo e só restavam mais 3 antes de trocar o “cubo”.
Carreta era de boi. O moinho, a serraria e até a máquina de picar cana eram tocadas a água. E no começo, debulhávamos o milho esfregando o sabugo.
E falando no dito cujo, o toalete se chamava “patente” e não ficava do lado da casa (por motivos óbvios) o que dificultava para ir a noite. E quem nunca tomou banho na bacia?
Claro que a água vinha por gravidade e de tempo em tempo precisávamos “chupar” de novo depois de tirar algumas folhas. O fogão era a lenha e a casa de madeira.
A cama tinha molas, não o colchão, afinal esse era de palha! E a coberta pesada, feita de um milhão de pedaços de tecido. As penas quando apareciam, tinham sua origem bem conhecida, estavam fugindo do travesseiro.
Para cortar a grama empurrávamos aquele aparelho e não, ele não tinha motor! Uma verdadeira maravilha da engenharia. Andar de bicicleta era o que todos queriam e quando cresciam aprendiam a dirigir em um Fusca ou Corcel.
Ninguém sabia da existência do tal leite de caixinha. Ele vinha no balde, na leiteira de apito ou quando muito, depois da modernidade, em garrafas reutilizadas.
A Igreja não tinha chave, afinal, quem roubaria uma igreja? Quando muito, alguém roubava melancias da lavoura. Seguindo sobre a igreja, lá tocávamos o sino, cada tipo de toque avisava algo diferente. Caminhávamos até a escola, usando roupas feitas pelas nossas avós e os professores eram vistos como figuras importantes da sociedade. As pesquisas eram feitas na biblioteca. Vendíamos rifas para comprar dicionários e os mascates ofereciam enciclopédias e atlas. Para fazer uma ligação, no começo era necessário ir até a CRT. Depois surgiram os orelhões a ficha. E só então, os telefones de ramal, onde ligávamos para a telefonista da cooperativa completar a ligação.
Feliz quem tinha uma calça de “brim”. Isso mesmo, não esse jeans molinho de hoje em dia. Aquilo era duro pra valer. E ai de quem se machucasse porque o Mertiolate estava lá para lembrar da existência do inferno e o esparadrapo para reacender a ferida no dia seguinte ao arrancando os pelos do corpo.
Farmácia? Não tinha. A vó juntava as plantas e fazia os “remédios”. Fazia também sabão e lavava roupa no “valo” ou na velha “Müeller” de madeira. Uma obra de arte com as engrenagens inferiores banhadas a óleo. E por falar em lavar, quem tinha aquelas pedras de esfregar os pés ou aquelas bacias de louça chamadas de “lava-pés”; nome esse que servia só de eufemismo para confundir as crianças?
Mas não eram apenas os remédios e o sabão. Em casa se “melavam as abelhas” e carneava os porcos. Saiam linguiças, guisado, torresmo.
Pois é, o tempo passa.
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu. Ec 3:1. NAA.
1. A brevidade da vida
E se hoje podemos contar essas histórias e falar de coisas que as novas gerações nunca ouviram, é porque Deus nos permitiu chegar até aqui.
Até os 18, ninguém nos alcançava na corrida. Depois dos 20, queríamos ser os mais fortes. Podíamos passar a noite sem dormir e no outro dia tudo estava bem. Gripes e machucados eram o mesmo que nada. Porém os 30 chegaram e foi necessário começar a vigiar para não engordar.
Salomão, o homem mais sábio, de tanto saber ainda jovem ficou velho, ou diria, antigo. Porém quando percebeu que seu vigor se ia, escreveu:
Lembre-se do seu Criador nos dias da sua mocidade, antes que venham os dias maus, e cheguem os anos em que você dirá: "Não tenho neles prazer." 2 Lembre-se do Criador antes que se escureçam o sol, a lua e as estrelas, e as nuvens voltem depois da chuva. 3 Lembre-se dele antes do dia em que tremerem os guardas da casa, os seus braços, e se curvarem os homens que no passado eram fortes, as suas pernas, e cessarem os moedores da sua boca, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas, os seus olhos. 4 Faça isso antes que as portas da rua se fechem e o ruído das pedras do moinho se torne difícil de ouvir; quando você se levantar à voz das aves, e todas as harmonias, filhas da música, começarem a desaparecer; 5 quando você tiver medo do que é alto e se espantar no caminho; quando florescer como a amendoeira, e o gafanhoto lhe for um peso; e quando você perder o apetite. Porque o ser humano vai à morada eterna, e os pranteadores andarão rodeando pela praça. 6 Lembre-se do seu Criador, antes que se rompa o fio de prata, e se despedace o copo de ouro, e se quebre o cântaro junto à fonte, e se desfaça a roda junto ao poço, 7 e o pó volte à terra, de onde veio, e o espírito volte a Deus, que o deu. Ec 12:1-7. NAA.
É o tempo passa. Há 25 dias operei a coluna e tive bastante tempo para pensar na vida. Como somos frágeis. Pequenos, impotentes e em certo ponto até inúteis.
Os grandes e os pequenos. Os desconhecidos e os famosos. O tempo passa para todos nós. E muitas vezes as coisas as quais tanto nos apegavamos com o passar dos anos se mostram inúteis.
Salomão resume praticamente tudo na vida em: VAIDADE.
Se por um lado tudo o que vivemos é o que nos fez ser quem somos hoje; por outro, quase tudo que fizemos e vivemos foi inútil e não mudou nada essa Terra e nem a vida das pessoas.
Talvez se não tivéssemos existido, se nunca tivéssemos nascido, a humanidade teria tido praticamente o mesmo desfecho. Somos irrelevantes. Como uma grama que nasce e depois seca. Como uma flor que desabrocha e depois cai.
2. O valor da vida
Calma, não estou em depressão e não quero que vocês saiam daqui piores do que chegaram. É que passei muitas coisas esse ano, e elas me levaram a refletir.
Pode até ser que a nossa existência não tenha mudado o mundo; porém ela continua sendo a nossa vida, a nossa história ou seja: Uma história que tem tudo a ver com Jesus Cristo.
É verdade que uma nota de 200 reais rolando em um cano de esgoto não vale absolutamente nada. Porém, a despeito da exorbitante inflação, uma nota de 200 reais na minha mão tem valor; o valor que eu dou a ela!
Qual é o sentido e o valor de nossas vidas? Estar perto de quem nos valoriza e podem ter certeza de que ninguém nos dá uma cotação maior do que o nosso Senhor.
Para Jesus, vocês valem tanto, que valeu a pena morrer por vocês! Valeu a pena sentir na cruz o castigo que o Pai derramaria sobre nós, pelos nossos pecados. Valeu a pena ser desamparado e desligado de Deus Pai por um tempo para que nós fôssemos introduzido na família para sempre!
O verdadeiro valor, sentido da vida, é Amar a Jesus de todo coração e servi-lo amando o maior número possível de pessoas. Afinal, todas as demais coisas vão passar.
3. Como viver
Sendo assim, precisamos deixar de lado tudo que nos atrapalha de estarmos plenamente nas mãos de Cristo, sendo amados e amando.
O que buscamos afinal que valha a pena tanto estresse?
O que queremos que compense tanta ansiedade?
Será que realmente compensa sentir tanta tristeza ao longo da vida?
Somos sobreviventes!
Somos vencedores!
Vocês mais do que eu!
E vamos comemorar; porque nossas amizades valem a pena; acumular sorrisos vale a pena! Estarmos aqui com Jesus sabendo que é com Ele que estaremos para sempre; ah! Isso vale muito a pena.
Pr. Sidinei Bühler Kauer
Caxias do Sul, 07 de dezembro de 2024.
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